
“As armas e os barões assinalados, /Que da ocidental praia lusitana, /Por mares nunca dantes navegados, /Passaram ainda além da Taprobana, /E em perigos e guerras esforçados /Mais do que prometia a força humana, /E entre gente remota edificaram /Novo Reino, que tanto sublimaram”
Todos nós lemos os Lusíadas, e mesmo os que não os leram ainda (um dia lá chegarão), sabem, com certeza, quem foi Luís Vaz de Camões. Ora, Luís de Camões foi um grande poeta português que escreveu a epopeia Os Lusíadas, uma grande obra onde, de uma forma simplesmente inigualável, narrou onde dos maiores acontecimentos da História, não só nacional, assim como Universal – a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos portugueses, liderados por Vasco da Gama. Mas então, isto não faria do livro, um livro de história? De facto, sim, não fosse a prevalência da muita imaginação de Camões, que a utiliza também para exaltar a bandeira Lusitana. Camões escreveu mesmo “ (...) Que eu canto o peito ilustre lusitano (...) ”. E eu pergunto: o que fizeram com esse peito, com esse orgulho? Eu não vivi na época dos descobrimentos, não tive, portanto, contacto directo com a época gloriosa de Portugal. Eu vivo este mesmo momento, e sempre que paro para reflectir a vida vejo a mesma imagem, ténue, mas ainda assim perturbadora. Vejo um olho lacrimejante, o olho de Luís Vaz.
Todos os dias assistimos pela televisão ao retrato fidedigno da decadente sociedade em que vivemos. A sociedade do “faz de conta”, triste, suja, retrógrada. A mentalidade nacional precisa de uma grande mudança. Cada vez mais os portugueses reclamam, por tudo, por nada. Ora porque os salários são muito abaixo da média Europeia, ora porque o governo aprova leis que só a eles convém, porque só o que se passa no estrangeiro é que está certo, é que é bom e os portugueses...oh, os portugueses...se não fosse o futebol, o que seria da nação! E ainda assim...
Primeiro, os salários são baixos, sim, são-no, mas já alguém colocou a hipótese (pensemos, ainda que hipotética, mas “faz de conta” que pode ser) de a qualidade da mão-de-obra portuguesa ser também inferior? Entristece-me muito, e porque eu conheço alguns países que são o destino de eleição dos emigrantes portugueses, que estes, assim que lá chegam, mudam radicalmente os seus hábitos. Resposta típica: “Nós viemos para aqui para trabalhar e ganhar dinheiro!”. E eu pergunto: se tivessem adoptado esse modo de vida em Portugal, teria sido necessário emigrar? “Faz de conta” que sim. Há semanas atrás assistimos a um rebuliço em França, rebuliço esse que se deveu ao facto de o governo francês ter tentado aprovar uma lei que desagradou à população, particularmente aos estudantes. O que aconteceu? A lei não foi aprovada. O povo francês teve a inteligência suficiente para mostrar o seu profundo desagrado e soube fazer-se ouvir. Onde eu quero chegar é ao facto de serem este tipo de exemplos que os portugueses deveriam seguir. Para maus hábitos já bastam os tipicamente portugueses, não necessitámos dos estrangeiros. Digo eu...e se pensa o contrário, “faça de conta” que concorda comigo...O futebol dá-nos alegrias! Selecção A no mundial da Alemanha! Já alguém ouviu falar em hóquei em patins? Sabia que Portugal organizou e venceu o mundial de hóquei em patins no passado ano 2003? Sabia? Não? Hum...”Faz de conta”que sim. Não se preocupe que eu não digo a ninguém que não o sabia, até porque me sinto muito feliz e útil por incrementar a cultura geral do povo lusitano.
Por fim, peço desculpa pela rispidez do sermão...mas não faz mal, pois não? Então, “faz de conta”que eu não disse nada! Até porque, “faz de conta”que está tudo bem...
E ponto.
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